Governo divulga nova tendência de aumento do desmatamento na Amazônia.
Em seis meses, uma área de floresta maior que a cidade de São Paulo
desapareceu
Área de floresta derrubada em Santarém (PA) para o plantio de soja ao longo da BR163 (© Daniel Beltrá / Greenpeace)
Depois de comemorar o menor índice histórico de desmatamento da
Amazônia, no ano passado, a estratégia do governo para divulgar a
tendência de novo aumento nas taxas foi um tanto reservada. Numa
quinta-feira, às vésperas do feriado de Páscoa, os números do Deter de
agosto de 2012 a fevereiro de 2013 foram finalmente apresentados,
mostrando novamente um cenário com menos floresta.
Os novos dados mostram que houve um aumento significativo de 26,82%
no desmate entre agosto de 2012 e fevereiro de 2013, comparado com o
mesmo período do ano anterior. Em números absolutos, 1.695 quilômetros
quadrados de floresta desapareceram, uma área equivalente a mais de 237
mil campos de futebol e maior que a cidade de São Paulo.
O Estado que teve o maior aumento no desmate no período foi o
Maranhão, com, 121%, seguido do Tocantins (110%). Mas o Mato Grosso
continua liderando a lista dos maiores desmatadores, com 734 quilômetros
quadrados de floresta derrubada no período.
Apesar da má notícia, o governo continua confiante e prevê zerar o
desmatamento ainda neste ano. “Vamos ganhar do desmatamento até julho”,
disse Luciano Evaristo, diretor de proteção ambiental do Ibama, durante a
coletiva de imprensa.
“O governo começa a colher os frutos de sua equivocada parceria com a
bancada ruralista no Congresso”, disse Kenzo Jucá, da campanha Amazônia
do Greenpeace. “Essa parceria culminou em uma drástica redução na
proteção da Amazônia com a aprovação do novo Código Florestal, que agora
mostra sua face real com a tendência de aumento do desmatamento.”
De acordo com Jucá, este é o momento de a sociedade civil se juntar
para reverter esse quadro e exigir do poder público uma política não só
para impedir a retomada do desmatamento, mas também para extingui-lo de
nossa História.
“As empresas comercializadoras de soja e os maiores frigoríficos do
país já entenderam a necessidade de estabelecer uma política de
desmatamento zero, porque sabem que os consumidores não querem mais
pagar por produtos associados ao desmatamento”, complementa Kenzo Jucá.
“Agora é a vez de a sociedade civil se mobilizar para aprovar o
desmatamento zero no Brasil e, com isso, reverter a atual agenda
política ambiental retrógrada que está tomando o Congresso”, finaliza.
Junto com outras organizações, o Greenpeace colocou nas ruas uma
campanha para levar a Brasília um projeto de lei de iniciativa popular
pelo Desmatamento Zero. O projeto necessita de ao menos 1,4 milhão de
assinaturas de eleitores brasileiros, mas quanto mais pessoas e
organizações apoiarem a iniciativa, mais pressão para tornar o projeto
em realidade. Já somos mais de 700 mil.
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