terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Saldo Final da COP 17


Por: Cristiane Mazzetti

Após dias e horas de espera para o final decisivo da COP 17, a plenária terminou no domingo (10) após o amanhecer. Os resultados foram considerados para alguns um “avanço político”, já para outros um fracasso.

O Fundo Verde de Clima foi finalmente definido quanto à estrutura (pendência da COP 16), no entanto o problema de levantar os recursos ainda continua existindo, apenas Alemanha e Dinamarca prometeram liberar algum dinheiro.

O protocolo de Kyoto foi renovado com um texto nada ambicioso quanto à redução da emissão de gases do efeito estufa. Este nunca teve a participação dos Estados Unidos e agora os países Canadá, Japão e Rússia também estão fora. Lembrando que o protocolo também não inclui países em desenvolvimento como China e Índia. O protocolo de Kyoto será substituído por um novo acordo global legalmente vinculante que deve estar pronto em 2015 para entrar em vigor em 2020. O futuro acordo é considerado por muitos um “avanço político”, já que países-chave que antes estavam de fora (Unidos, China, Índia e Brasil) aceitaram participar.

Youth for Renewables: os Green Reporters para a COP17
[em destaque Cristiane Mazzetti]
A missão desta COP era limitar as emissões de gases do efeito estufa, no entanto o resultado foi exatamente o contrário e por isso não considero este novo acordo um avanço, uma vez que foi deixada a lacuna de uma década para combater as mudanças climáticas. 2020 é muito tarde, os nossos líderes falharam. Dessa forma ficará difícil manter o aquecimento do planeta em apenas 2 graus, limite recomendado pelos cientistas para evitar efeitos catastróficos das mudanças climáticas.

Muitas pessoas no mundo já sofrem e continuarão a sofrer os impactos das mudanças climáticas. O trabalho desenvolvido nesta COP deveria ter focado na urgência de combater as mudanças climáticas, no entanto o evento resumiu-se numa vitória para os poluidores, que ganharam mais uma década para lucrar livres da preocupação com o controle das emissões de gases do efeito estufa.

Apesar do saldo final ser decepcionante, não podemos deixar de lutar, como já dizia Mandela “Sempre parece impossível até que seja feito”. Assim sendo a sociedade civil continuará a levar a sua voz para esta e outras ocasiões. Aproveito para lembrar que no próximo ano teremos a RIO+20 acontecendo bem perto da gente, é uma ótima oportunidade para nos mobilizarmos e lutar para um futuro melhor!

Fico por aqui, mas antes gostaria de agradecer ao grupo local de voluntários que postou meus depoimentos durante esta COP-17. Muito Obrigada e até breve.

Cristiane Mazzetti - Green Reporter para a COP-17.  

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Cada um fazendo a sua parte

Por: Cristiane Mazzetti

Na terça-feira ensolarada de Durban o time de Green Reporters visitou o veleiro  Pachamama. A tripulação é composta por uma família suíça que está no meio de uma expedição pelo globo que já dura nove anos. A família é composta pelo comandante Dario, sua esposa Sadine e quatro filhos que ainda não moraram em terra firme.

O projeto iniciado pelo casal foi de encontro com a demanda do Programa das Nações Unidas para Meio Ambiente que na época estava financiando um projeto para ir às escolas. O projeto foi transformado em uma organização sem fins lucrativos, chamada TOPtoTOP, patrocinada também pelo e Governo da Suíça. A organização conta com voluntários que acompanham a família em terra e mar.  

Mas o que isso tudo tem de especial? O veleiro é alimentado basicamente por energia renovável, apresenta onze painéis solares e duas turbinas eólicas, além de utilizar as velas para locomoção. Dessa forma o gasto de combustíveis fósseis é quase nulo. Segundo Dario: “Quando o tempo está ruim utilizamos o vento para gerar energia, e quando está bom usamos as placas solares”, diz também que “temos que adaptar o nosso estilo de vida com as condições do clima”.
Dario, Sadine e seus quatro filhos no veleiro Pachamama. Fonte: http://www.sail-world.com

A missão da família é passar por sete picos nos sete continentes. Em cada parada fazem um trabalho de limpeza coletiva (a expedição já coletou em torno de 25 toneladas de resíduos), além de levar conhecimento relativo a mudanças climáticas para escolas e faculdades, sempre apresentando alternativas sustentáveis. O propósito da expedição é conscientizar e inspirar jovens a terem um melhor futuro e entender a importância de preservar a natureza.

Visitar a família foi muito inspirador, adorei a forma como eles trabalham as mudanças climáticas, não só pensando no problema mas sim nas soluções possíveis. Conversando com Dario ele nos mostrou que um outro estilo de vida é possível e isso me fez questionar sobre o meu estilo de vida, como podemos viver de forma mais coerente com as necessidades do planeta?

Espero que vocês também tenham a oportunidade de visitá-los. Eles estarão no Brasil em março de 2012, para saber mais sobre esta família e sua expedição veja o vídeo da nossa entrevista em: http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=AwDIMDC1qY8 , confira também a página da expedição: http://www.toptotop.org/index.php

Até mais!

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

É a hora de sermos ouvidos!


Por: Cristiane Mazzetti

Na manhã de segunda-feira estávamos em frente ao Protea Hotels protestando novamente “Ouçam as pessoas e não os poluidores”. O local e data eram perfeitos, pois o hotel recebia naquela manhã uma reunião do Conselho Mundial Empresarial para Desenvolvimento Sustentável, evento que contava com a presença de representantes de grandes corporações poluidoras.

A campanha é baseada no novo relatório do Greenpeace “Who is Holding Us Back” (Os Responsáveis Pelo Atraso) que evidencia como alguns dos grandes poluidores tais como: Shell, BASF, ArcelorMittal, Eskom, KOCK, bhpbilliton e Tata, fazem um lobby pesado para travar acordos nacionais e internacionais que tentam mitigar e combater as mudanças climáticas.  

Na sequência, foi lançado o relatório “The Dirty Dozen in Durban” (O Dossiê Sujo de Durban) que trata de 12 corporações e associações que estão ajudando a adiar um novo acordo global para combater as mudanças climáticas aqui em Durban.  Você pode acessar os dois relatórios na integra em: http://www.greenpeace.org/international/en/publications/reports/Whos-holding-us-back/

O protesto em frente ao hotel contava com cerca de 50 pessoas, dentre elas voluntários do Greenpeace e representantes das organizações 350.org, Waste Pickers Alliance, Ground Work, Climate Action Network e South Durban Community Environmental Alliance.

Três fantasias chamaram a atenção, pois representavam alguns líderes mundiais - Harper: primeiro ministro do Canadá; Congresso dos Estados Unidos;  Barroso: presidente da Comissão Européia - que tinham sobre suas costas porcos pretos segurando um cabresto, a cena simbolizava a influência dos grandes poluidores sobre as suas decisões. 

Ao mesmo tempo um grupo de sete escaladores ocuparam pacíficamente o prédio e tentaram colocar um banner no edifício, mas antes mesmo de consegurem mostrar a mensagem (Ouçam as pessoas e não os poluidores) foram levados pela polícia.

Pensando que ativismo não deveria ser crime, foi triste e injusto ver aqueles ativistas serem presos e três deles deportados. Por outro lado a ação apresentou os reflexos desejados. Entregamos o relatório “The Dirty Dozen in Durban” para todos que estavam entrando e saindo do edifício e fizemos muito barulho com gritos de guerra e músicas.

Kumi Naidoo (Diretor Executivo do Greenpeace Internacional) entrou na reunião levando a nossa mensagem. Ao sair deixou claro que o protesto teve efeito dentro da reunião, e disse uma coisa muito interessante: “antigamente era muito difícil conversar com as corporações, mas que hoje em dias eles optam por ter Greenpeace na mesa para que não estejam no cardápio do Greenpeace”. Após terminar sua fala e contente com a ação, Kumi dirigiu-se para a Conferência para mais entrevistas.

No mesmo dia fomos proibidos de distribuir o relatório “The Dirty Dozen in Durban” na conferência, podemos traduzir que algum incômodo foi causado.  


Muito mais está por vir neste último dia de negociações. Acompanhe-nos também em: http://www.facebook.com/YouthForRenewables

Até breve!

domingo, 4 de dezembro de 2011

O mundo diz - Brasil: Desliga a motosserra!!

Por: Cristiane Mazzetti

Acho que podemos trazer a mensagem “ouçam as pessoas e não os poluídores” – mensagem do Greenpeace nesta COP 17 – para o contexto nacional onde está em processo de aprovação o novo código florestal, mesmo com a sociedade civil, pequenos produtores rurais e pesquisadores apontando que este novo código representa um grande retrocesso. Fica claro que os nossos representantes estão ouvindos os ruralistas e não a voz das pessoas.

É interessante o fato do Brasil ser por um lado o bom moço que apoia a continuidade do protocolo de Kyoto aqui na Conferencia de Mudanças Climáticas, e por outro o vilão que está aprovando um novo código florestal que é uma “carta branca” ao desmatamento, maior causa de emissão de CO2 no Brasil. 

Na manhã de quarta aconteceu aqui em Durban mais um protesto do Greenpeace com a mensagem: Senado desliga essa motosserra. A mensagem de descontentamento quanto a postura do Brasil foi reafirmada em Brasília onde aconteceu uma marcha e a entrega de um milhão e trezentas mil assinaturas ao senado. Por aqui a repercussão foi bastante grande com a foto do protesto ocupando os principais jornais.



mensagem também veio de outros cantos do mundo, nas cidades de Brussels, Bern, Paris, Washington, Cidade do México, Haia, Helsinki, Berlim, Londres, Copenhagen, Estolcomo, Oslo e Romenia. Para saber mais veja em: http://www.greenpeace.org/international/en/news/Blogs/makingwaves/new-forest-code-will-condemn-the-amazon-rainf/blog/38076/ .

Esquentando o Debate


Por: Cristiane Mazzetti

O Greenpeace já começou a esquentar o debate para a COP-17 no domingo passado dia 27/11, onde muitos voluntários ajudaram a levantar uma torre eólica. A  mensagem é simples, que os líderes mundiais ouçam às pessoas e não aos poluidores. O uso de energias renováveis é fundamental para substituir a matriz energética suja que contribue em grande parte com o aquecimento global. 


É importante comentar que aqui na África do Sul existe ainda uma grande dependência em relação ao carvão como fonte de energia, e assim como o Brasil, este país tem um grande potencial para utilizar o sol e vento como fonte de energia.

Para maiores detalhes sobre esta ação acesse: http://www.greenpeace.org/brasil/pt/Noticias/A-ultima-chance-dos-EUA/

Até breve.

COP-17

Por: Cristiane Mazzetti



Começou no início desta semana, aqui em Durban na África do Sul, a 17ª Conferência das Partes da Convenção-Quadro das Nações Unidas (COP-17). Este é um momento crucial já que o Protocolo de Kyoto chega ao final de sua primeira fase em dezembro de 2012. 

A situação é muito preocupante, já que os Estados Unido declararam que não querem assinar o acordo até 2020, e o Canadá anunciou a sua intensão de sair do Protocolo já agora em dezembro.

As expectativas quanto à Durban são grandes, a COP-17 é dada como um momento decisivo no que tange esforços para combater as mudanças climáticas, visto que o Protoco de Kyoto é o único tratado vinculante para a redução das emissões de gases do efeito estufa (GEE’s). É necessário que ele seja renovado de forma justa e ambiciosa quanto às metas de redução.

Outra questão polêmica na Conferência de Durban é o estabelecimento do “Fundo Verde do Clima”, que tem como objetivo cortar as emissões e ajudar os países na adaptação quanto aos impactos advindos das mudanças climáticas. O fundo ainda não apresenta estrutura definida e aprovada pelas partes, isso indica que este assunto será mais um alvo de longas conversas entre os países. 

Estou aqui em Durban fazendo parte de um grupo de oito “Green Reporters”, estamos acompanhando eventos, conversando com pessoas e organizações para trazer suas opiniões, mensagens e ações. Nosso time é formado por jovens de várias nacionalidades: Brasil, Alemanha, Africa do Sul e México.

As minhas histórias durante a COP serão relatadas aqui, você também poderá interagir curtindo a nossa página do facebook: http://www.facebook.com/YouthForRenewables .
Obrigada, e até breve!.

Cristiane Mazzetti, estudante de gestão ambiental, faz parte do time de Green Reporters na COP-17.