terça-feira, 9 de abril de 2013

Corpos gelados, corações aquecidos

Expedição pede a proteção do mar do Polo Norte, e tem como símbolo a ‘Bandeira para o futuro’, com assinaturas de 2,7 milhões de pessoas ao redor do mundo

Grupo de dezesseis ativistas parte da base de Barneo, na Rússia, para encontro com Conselho do Ártico no Polo Norte (© Christian Åslund / Greenpeace)
 
Sob condições adversas de clima e temperatura, ativistas do Greenpeace iniciaram hoje uma nova missão para proteger o Ártico. Um grupo de dezesseis pessoas, incluindo quatro jovens embaixadores internacionais – o ator Ezra Miller, dois representantes indígenas da região e um jovem da República das Seicheles, uma nação insular localizada no Oceano Índico –, planeja levar ao Polo Norte 2,7 milhões de assinaturas de pessoas ao redor do mundo que pedem a proteção de uma das regiões mais vulneráveis do planeta.
O objetivo da expedição, que teve início a partir da base de Barneo, na Rússia, é pedir à comunidade internacional uma declaração e reconhecimento da região do Ártico como um santuário global, que deve ser preservado. Os ativistas levam consigo uma cápsula projetada especialmente para inflar uma bandeira no fundo do mar, a 4,3 km de água gelada sob o Polo Norte.
As dificuldades da viagem serão recompensadas. Além de levar a voz de milhões de cidadãos mundo afora, o grupo de exploradores ainda será agraciado com um histórico e inesperado encontro com uma delegação de poderosos oficiais do Conselho do Ártico. Logo antes de partir, o grupo soube que o órgão, composto por ministros de Relações Exteriores e altos funcionários de Estados do Ártico, estará presente no Polo Norte esta semana.
Uma das expedicionistas, Josefina Skerk, é uma jovem Sami da Suécia. Os Sami são os únicos povos indígenas do extremo norte da Europa reconhecidos e protegidos sob as convenções internacionais dos povos indígenas. Josefina tem 26 anos e é estudante de Direito na Universidade de Umeå, e membro do Parlamento Sami em seu país.
Quando soube que o Conselho do Árctico terá uma reunião no Polo Norte esta semana, ela enviou uma carta a Gustaf Lind, presidente sueco dos Altos Funcionários do Conselho do Ártico, solicitando uma reunião com seus embaixadores. Sr. Lind aceitou o convite, e os grupos esperam encontrar-se no Polo Norte no final desta semana.

“Nós estamos realmente animados com o encontro com o Sr. Lind e o resto do Conselho do Ártico. Estou acompanhada de jovens de várias partes do mundo e todos têm conexões com o Ártico. É uma grande honra poder entregar a nossa mensagem para o Conselho no lugar exato que todos nós desejamos proteger para as gerações futuras. Esta será uma expedição realmente cansativa e estamos todos um pouco nervosos agora. Mas esta é nossa grande oportunidade de conversar com as pessoas responsáveis ​​por proteger o Ártico e sabemos que todos que nos apoiam gostariam que nós a aproveitássemos”, afirmou Josefina, direto da base de Barneo.

Em 2007, o explorador russo Artur Chilingarov plantou uma bandeira russa no fundo do mar do Polo Norte, reivindicando que o Ártico pertencesse a Moscou. Agora, seis anos depois, jovens exploradores desafiam essa reivindicação, levando a “Bandeira para o futuro”, que simboliza a unidade, a esperança e a paz mundial.
O desenho da bandeira foi concebido por Sarah Batrisyia, uma menina de 13 anos da Malásia, que ganhou a competição internacional, co-organizada pelo Greenpeace e pela Associação Mundial das Guias e Escoteiras. A bandeira foi escolhida pelo ícone da moda Vivienne Westwood.
Os ativistas carregam a mensagem de que nenhuma nação deve possuir o Ártico ou ter a permissão de explorar o derretimento do gelo, uma crise criada pela mudança do clima, para buscar mais dos mesmos combustíveis que causaram o derretimento num primeiro momento. Os manifestantes planejam agora usar o encontro com o Conselho do Árctico para desafiá-los e exigir que as áreas desabitadas ao redor do Polo Norte sejam declaradas um santuário global.

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