Por: Mateus Tavares
Nos dias 28 e 29 de Outubro, o Greenpeace, participou de duas atividades contra a construção do Porto Sul em Ilhéus, Sul da Bahia. A primeira, uma manifestação em frente à Catedral de São Sebastião e bar Vesúvio, pontos turísticos da cidade. A segunda, uma ação em audiência pública realizada pelo IBAMA para explanar as conseqüências advindas do empreendimento a ser construído.
Ato de repúdio ao Porto Sul |
A manifestação, promovida por associações de moradores e grupos organizados de cidades que serão atingidas pela construção da Ferrovia Oeste-Leste (FIOL), intermodal junto ao porto, – Caetité, Ilhéus, Vila Juerana (distrito de Ilhéus), entre outras –, teve a intenção de chamar atenção da população. Os presentes gritavam frases como “Porto Sul, Não”, distribuíram uma carta que suplica o abandono do projeto e levaram fotos de pessoas e paisagens, que poderão ser drasticamente “devastadas”. Por fim, todos deitaram ao chão, simbolizando os prejuízos irreversíveis que a cidade terá caso a obra seja levada adiante.
População deitada em frente à Catedral de São Sebastião |
A audiência pública contou com dirigentes de alto cargo da Bahia Mineração, BAMIN – a mais interessada na obra para escoar minério de ferro –, promotores do Ministério Público, deputados federais e estaduais, pesquisadores responsáveis pelo Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatórios de Impactos Ambientais (Rima), além de outros interessados e o próprio IBAMA. O que deveria ser um esclarecimento de fatos verídicos, tornou-se uma verdadeira “chuva de informações tendenciosas”, que facilmente enchem os olhos de qualquer leigo. Informações, que chegaram até a suscitar riso coletivo como “a construção do quebra-mar proporcionará o surgimento de novas espécies na região”, pérola dita por um dos responsáveis pelo EIA.
Os representantes do governo, como de praxe, se puseram a favor da construção do porto sem dar mais satisfações, permanecendo somente naquele discurso de que trará desenvolvimento e emprego à região (sabe-se que no pico da obra, não se terá nem 4 mil postos de emprego, e não atingirá 500 postos em sua operação). Tudo o que era dito pelos presentes, mostrava o quanto eles queriam “empurrar” desesperadamente aquela obra.
Segundo o EIA/RIMA a biodiversidade será preservada com monitoramento |
Felizmente, quando se abriu a possibilidade do público falar, viu-se que grande parte das manifestações posicionavam-se contra o Porto Sul. A obra desmatará uma área de 4,7 mil hectares de floresta Mata Atlântica em estado médio-avançado de conservação; interferirá diretamente na área de reprodução do peixe Mero, que corre perigo de extinção; proporcionará a inserção de novas espécies aquáticas (que não terão predadores naturais), vindas através da água de lastros dos navios que passarão a circular na região, rica em biodiversidade marinha; destruirá lavouras de cacau, importante para a economia local; desapropriará comunidades que vivem na região do Aritaguá, onde será construído o porto; e, principalmente, a contaminará da atmosfera por minério de ferro, que causa problemas respiratórios; entre outros.
Durante a audiência, os nossos ativistas e a nossa coordenadora de campanhas, Leandra Gonçalves, perguntaram às pessoas presentes na mesa questões mal esclarecidas e abriram banners com a mensagem “Porto Sul: Uma Grande Mentira”. Mentira esta, que não deve ser aceita pela sociedade, já que ainda sera necessária a construção de uma termelétrica movida a óleo – acarretando mais emissões de CO2.
Existem outras possibilidades logísticas e baratas, ao Porto Sul, como Aratu e Cotegipe, além de que a região do Sul da Bahia poderia facilmente se desenvolver com pólos de produção na área de informática, cultura e fabricação de produtos cacaueiros, e, principalmente ecoturismo, que integre de fato a população. O que o sul da Bahia precisa é de investimentos em áreas com déficits, e uma revitalização, que favoreça o meio ambiente e a sociedade local, não alguns poucos empresários. Porto Sul, Não! Ou pior, “Porto Sujo”.
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