“O crime não se aplica a protestos pacíficos”, diz conselheiro. Para organização, as autoridades russas pretendem, com isso, encobrir ilegalidades na ação da Guarda Costeira contra ativistas
A Guarda Costeira Russa rendendo ativistas. Foto: © Greenpeace/Denis Sinyakov
O Greenpeace rejeita veementemente a alegação de que houve pirataria por parte do navio Arctic Sunrise, na Rússia. Para a organização, essa acusação é uma tentativa desesperada de justificar a entrada ilegal da Guarda Costeira Russa no navio de campanhas, quando ele estava em águas internacionais. O imbróglio começou depois de uma ação pacífica contra a exploração de petróleo no Ártico, em uma plataforma da empresa russa Gazprom.
Trinta ativistas ainda estão sob custódia de guardas armados desde quinta-feira, quando autoridades russas embarcaram no Arctic Sunrise, sem qualquer representação legal. O Greenpeace continua fazendo pressão e exigindo das autoridades russas o direito de entrar em contato imediatamente com a tripulação do navio.
O Comitê de Investigação Russo anunciou, na sexta-feira, que está cogitando acusar o Greenpeace de pirataria, ainda que a definição desse crime se aplique apenas a casos em que haja atos violentos contra embarcações e que esses atos tenham fins privados. Ao contrário, o protesto realizado pelos ativistas foi pacífico e tinha como único objetivo a proteção do meio ambiente.
“A alegação de que o Greenpeace cometeu pirataria é uma medida desesperada. Os ativistas escalaram a plataforma de petróleo da Gazprom apenas com cordas e faixas com mensagens, para uma ação completamente pacífica e segura contra uma exploração de altíssimo risco na região. O crime de pirataria não se aplica a protestos seguros e pacíficos”, disse o conselheiro geral do Greenpeace Internacional, Jasper Teulings.
“Um dia depois do protesto, a Guarda Costeira Russa entrou em nosso navio – que estava fora do território nacional e que, portanto, tinha o direito de navegar sem interferências – sem qualquer justificativa legal. Falar em pirataria agora é uma tentativa de justificar essa ação indevida da Guarda Costeira e evitar constrangimentos. Rejeitamos veementemente essa alegação e vamos continuar exigindo que nossos ativistas e o navio sejam liberados”.
Desde quinta-feira, mais de 230 mil pessoas já escreveram para embaixadas e consulados russos ao redor do mundo, pedindo a libertação dos ativistas. Trinta escritórios do Greenpeace, em diferentes países, fizeram protestos solidários na frente das embaixadas e consulados.
Na imprensa, especialistas em legislação marítima e internacional fizeram coro a advogados do Greenpeace Internacional para reforçar que a entrada da Guarda Costeira Russa no Arctic Sunrise em águas internacionais foi ilegal. No momento da apreensão, a coordenada do navio era 69 19.86´N 057 16.56´E, o que mostra que a embarcação estava fora do território russo e da zona de segurança – ou zona exclusiva – da plataforma da Gazprom.
Ajude a fazer pressão nas embaixadas e peça pela libertação dos ativistas.